Um equívoco
comum em seguidores do marxismo tradicional é a convicção que o
Engels e o Marx maduros teriam abandonado o hegelianismo da juventude.
Segue trecho definitivo de Engels de agosto de 1859:
“O que
distinguia o modo de pensar de Hegel de todos os outros filósofos era o enorme
sentido histórico que lhe estava subjacente. Por abstrata e idealista que fosse
a forma, o desenvolvimento do seu pensamento não deixava de ir sempre em
paralelo com o desenvolvimento da história universal, e esta última,
propriamente, não deverá ser senão a prova do primeiro.
Ainda que, por
este fato, a relação correta tenha sido também invertida e posta de pernas para
o ar, o seu conteúdo real penetrou, contudo, por todo o lado, na filosofia;
tanto mais que Hegel se diferenciava dos seus discípulos em que não se gabava,
como eles, da sua ignorância, mas era uma das cabeças mais sábias de todos os
tempos.
Foi ele o
primeiro a procurar mostrar um desenvolvimento, um encadeamento interno, na
história e, por estranha que agora muita coisa na sua filosofia da história nos
possa parecer, a grandiosidade da própria visão fundamental é ainda hoje digna
de admiração, quando se lhe comparam os seus predecessores ou mesmo aqueles que
depois dele se permitiram reflexões universais sobre a história.”
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