Trabalho, mercadoria e capital. Três temas presentes
em toda a obra da maturidade de Marx. Sobre o tema trabalho, selecionei dois
trechos de sua obra maior – O Capital (1867) No segundo trecho sublinhei a
referência à ciência e tecnologia na determinação da “força produtiva do
trabalho”.
Na sequência, seguem trechos do artigo de Laura Tyson
( Valor Econômico – 12/06/2017) que descrevem como os avanços na inteligência
artificial e na robótica estão transformando o trabalho, eliminando cerca de
400 mil empregos anualmente nos EUA. Com certeza, mudanças radicais também
ocorreram na mercadoria e no capital nesses 150 anos. Um desafio a cada
postagem deste blog.
O Capital Livro 1 – Karl Marx (1867)
“Após a introdução do tear a vapor na Inglaterra, por
exemplo, passou a ser possível transformar uma dada quantidade de fio em tecido
empregando cerca de metade do trabalho de antes. Na verdade, o tecelão manual
inglês continuava a precisar do mesmo tempo de trabalho para essa produção, mas
agora o produto de sua hora de trabalho individual representava apenas metade
da hora de trabalho social e, por isso, seu valor caiu para a metade do
anterior. “
“Essa força produtiva do trabalho é determinada por
múltiplas circunstâncias, dentre outras pelo grau médio de destreza dos
trabalhadores, o grau de desenvolvimento da ciência e de sua aplicabilidade
tecnológica, a organização social do processo de produção, o volume e a
eficácia dos meios de produção e as condições naturais.”
O trabalho na era da automação - Laura
Tyson (2017)
“Os avanços
em inteligência artificial e robótica estão provocando uma nova onda de
automação, com máquinas que combinam ou superam os seres humanos numa
rapidamente crescente gama de tarefas, inclusive algumas que exigem capacidades
cognitivas complexas e educação de nível superior. Esse processo superou as
expectativas dos especialistas; não é de surpreender que seus possíveis efeitos
negativos sobre a quantidade e a qualidade do emprego levantaram sérias
preocupações.”
“Com base
nas simulações do estudo, os robôs custam provavelmente cerca de 400 mil postos
de trabalho por ano nos EUA. Muitos deles são empregos de renda média na
produção, especialmente em setores como o automobilístico, de plásticos e de
produtos farmacêuticos.”
“Ao longo
dos últimos 30 anos, as mudanças tecnológicas que privilegiam os mais
capacitados alimentaram a polarização tanto dos empregos como dos salários, e
assim os trabalhadores médios que enfrentam estagnação salarial real e os
trabalhadores sem curso superior sofrem um declínio significativo em seus
ganhos reais. Essa polarização alimenta a crescente desigualdade na
distribuição da renda da mão de obra, o que por sua vez impulsiona o
crescimento da desigualdade geral de renda - dinâmica enfatizada por muitos
economistas, de David Autor a Thomas Piketty.”
Laura Tyson, ex-presidente do Conselho de Assessores Econômicos do
presidente dos EUA, é professora da Haas School of Business da Universidade da
Califórnia