Em todos os
cursinhos e palestras do Partidão nos anos 60, nunca ouvi qualquer referência à
Seção 4 do primeiro capítulo do livro I de O Capital. A leitura do artigo do
filósofo alemão Anselm Jappe ( Bonn, 1962 ) “Alienação, reificação e fetichismo
da mercadoria” - publicação Lumiar vol.
1, nº 2 , 1º semestre 2014, tradução Silvio Rosa Filho, revisão Jacira Freitas
- ajuda a entender os bloqueios dos marxistas. A tese equivocada de que o
hegelianismo seria uma postura da juventude, ainda permanece presente na
maioria dos leitores de Marx. Seguem 2 trechos do artigo:
“Mesmo em autores
pertencentes ao marxismo crítico, tal conceito era bem raro antes dos anos
1970. Por exemplo, nas mil páginas de A teoria da alienação de Marx de
Istvan Meszaros, publicado em 1970, o “fetichismo” praticamente nunca
aparece. O sub capítulo sobre “O fetichismo da mercadoria e seu segredo”, que
encerra o primeiro capítulo d’O Capital, era então considerado como
uma digressão tão incompreensível quanto inútil, uma recaída no
hegelianismo, um capricho metafísico. Sempre é preciso lembrar que, em 1969,
Louis Althusser queria proibir os leitores d’O Capital de
começar pelo primeiro capítulo – no qual se inscreve a passagem sobre o
fetichismo da mercadoria –, julgando-o difícil demais. O argumento de
Althusser consistia em afirmar que os leitores, para melhor compreender O
Capital, deveriam perceber o conflito visível entre trabalho vivo e
trabalho morto como ponto de partida e “pivô” da crítica marxiana, e
considerar a análise da forma-valor, com a qual se abre O Capital,
somente como uma precisão suplementar, a ser aprofundada num segundo momento.”
"Se atualmente as referências ao termo “fetichismo” se tornaram mais frequentes, todavia elas não são acompanhadas de aprofundamento. Assim como o termo “sociedade do espetáculo”, o “fetichismo da mercadoria” parece resumir a baixo custo as características de um capitalismo pós- moderno que supostamente voltou-se essencialmente para o consumo, a publicidade e a manipulação dos desejos. Certo uso popular da palavra, influenciado principalmente por seu uso em psicanálise, nela enxerga somente um amor excessivo pelas mercadorias e a adesão aos valores que elas representam (velocidade, sucesso, beleza etc.).
"Se atualmente as referências ao termo “fetichismo” se tornaram mais frequentes, todavia elas não são acompanhadas de aprofundamento. Assim como o termo “sociedade do espetáculo”, o “fetichismo da mercadoria” parece resumir a baixo custo as características de um capitalismo pós- moderno que supostamente voltou-se essencialmente para o consumo, a publicidade e a manipulação dos desejos. Certo uso popular da palavra, influenciado principalmente por seu uso em psicanálise, nela enxerga somente um amor excessivo pelas mercadorias e a adesão aos valores que elas representam (velocidade, sucesso, beleza etc.).
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