quinta-feira, 24 de julho de 2014

O jovem Marx luterano.


Em fevereiro de 1844, o jovem Marx ( 26 anos), escreve a “Introdução à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel” onde revela sua admiração por Lutero. Vale lembrar que seu pai Hirchel Ha Levi, de uma família de rabinos, pragmaticamente se converteu ao protestantismo para poder exercer plenamente sua profissão de advogado. Assim, aos seis anos o menino Karl foi batizado no luteranismo. Segue um pequeno trecho:
“O passado revolucionário da Alemanha é, de fato, um passado histórico: é a Reforma. Como então no cérebro do frade, a revolução começa agora no cérebro do filósofo.

Lutero venceu efetivamente a servidão pela devoção porque a substituiu pela servidão da convicção. Acabou com a fé na autoridade porque restaurou a autoridade da fé. Converteu sacerdotes em leigos porque tinha convertido leigos em sacerdotes. Libertou o homem da religiosidade externa porque erigiu a religiosidade no interior do homem. Emancipou o corpo das cadeias porque sujeitou de cadeias o coração.”

Um comentário:

  1. Caríssimo Elysio,
    Importante registrar, de início, que, apesar da falta de comentários, permaneço -- como não poderia deixar de ser, é bom frisar -- assíduo leitor e fã incondicional do blog.
    Peço licença p/ uma pequena observação.
    Note-se que, ao asseverar que LUTERO “[C]onverteu sacerdotes em leigos…”, MARX dá boa mostra sobre a educação daquele tempo.
    Significa dizer, em breve síntese, que os padres [com frequência desempenhando a função de professores] revelavam-se, na realidade, meros “leigos”, isto é, desprovidos da formação necessária para educar.
    Como exemplo, transcrevo a seguinte passagem de LUTERO:

    “Não é triste que até agora um menino tivesse que estudar vinte anos ou mais somente para aprender um latim ruim, suficiente apenas para tornar-se padre e ler a missa? Aqueles que chegaram a este ponto acham que são felizes. Bem-aventurada a mãe que gerou um filho desses. No entanto, continuou sendo uma pessoa pobre e sem cultura toda a vida, incapaz de chocar nem pôr ovos. Durante todo esse tempo, tivemos que nos contentar com professores e mestres desse tipo: eles próprios não sabiam nada e não eram capazes de ensinar nada de bom e decente. Também não conheciam os métodos de como aprender e ensinar. De quem é a culpa? Não existiam outros livros além desses loucos de monges e intelectuais papistas. O que se poderia esperar a não ser alunos e mestres abobados, como os livros que eles ensinavam? Uma gralha não gera uma pomba, e um bobo não dá origem a um sábio. Esta é a recompensa da ingratidão, porque ninguém se esforçou para criar bibliotecas. Mas perderam os bons livros e conservaram os inúteis” (Educação e Reforma, 1ª ed., Sinodal, 2000).

    Bem, espero ter, ainda que pouco, contribuído.

    Btw, e nosso café que não sai, hein?! Tá difícil... [Risos]
    Forte abraço,
    B.R.

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