quinta-feira, 24 de julho de 2014

O jovem Marx luterano.


Em fevereiro de 1844, o jovem Marx ( 26 anos), escreve a “Introdução à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel” onde revela sua admiração por Lutero. Vale lembrar que seu pai Hirchel Ha Levi, de uma família de rabinos, pragmaticamente se converteu ao protestantismo para poder exercer plenamente sua profissão de advogado. Assim, aos seis anos o menino Karl foi batizado no luteranismo. Segue um pequeno trecho:
“O passado revolucionário da Alemanha é, de fato, um passado histórico: é a Reforma. Como então no cérebro do frade, a revolução começa agora no cérebro do filósofo.

Lutero venceu efetivamente a servidão pela devoção porque a substituiu pela servidão da convicção. Acabou com a fé na autoridade porque restaurou a autoridade da fé. Converteu sacerdotes em leigos porque tinha convertido leigos em sacerdotes. Libertou o homem da religiosidade externa porque erigiu a religiosidade no interior do homem. Emancipou o corpo das cadeias porque sujeitou de cadeias o coração.”

terça-feira, 22 de julho de 2014

Delfim & Engels. O sufrágio universal.

Em 6 de março de 1895, 5 meses antes de sua morte (5/8/1895), Engels produz um de seus mais amadurecidos ensaios, ao fazer a introdução de mais uma edição alemã da “A Luta de Classes na França”. O documento mereceu um registro especial de Rosa Luxemburgo: “ grande importância deve ser conferida a um dos históricos documentos do movimento operário alemão: o prefácio escrito por Frederick Engels em 1985 para a reedição da Luta de Classes na França”.
Em 22 de julho de 2014, Delfim Netto – um “marxista infiltrado”, segundo Milton Coelho da Graça – publica em sua coluna semanal do Valor um texto interessante sobre o mesmo tema: sufrágio universal.
Os dois  trechos selecionados. Por uma questão de antiguidade, primeiro Engels e a seguir Delfim.
ENGELS
“Graças ao uso inteligente que os operários alemães fizeram do sufrágio universal introduzido em 1866, o crescimento surpreendente do partido é tornado claro para todo o mundo por números incontestáveis ​​: 1871, 102.000 ; 1874, 352.000 ; 1877, 493.000 votos socialdemocratas.
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E assim aconteceu que a burguesia e o governo passaram a ser muito mais temerosos com a ação legal do que com a ação ilegal do partido dos trabalhadores; com os resultados das eleições do que com a  rebelião.
Por aqui, também, as condições da luta tinha mudado fundamentalmente. Rebelião no estilo antigo, luta de rua com barricadas , que decidiu a questão em todos os lugares até 1848, tornou-se , em grande parte, ultrapassada.”
DELFIM
A organização dos trabalhadores e a conquista do sufrágio universal entre o fim do século XIX e o início do século XX reduziram as diferenças de poder entre o capital e o trabalho e deixaram claro que a distribuição do produzido é um problema político, que tem implicações econômicas de longo prazo”.


terça-feira, 15 de julho de 2014

“Desconstruindo Marx”.



Marx é matéria de capa da edição de junho/2014 da revista Aventuras na História. Em que pese o tom sensacionalista, fica claro que o interesse por Marx cresce na mesma proporção das crises do capitalismo nos séculos 20 e 21. A reportagem do jornalista Fernando Duarte é fruto de uma entrevista com Mary Gabriel – autora de “Amor & Capital”, livro sobre a vida amorosa de Marx e Jenny e que explora o mundo ao redor, em cada momento vivido pelo casal.
A sugestão de chamada de capa do jornalista era “Desconstruindo Marx” – bem preconceituosa – e a direção da redação acabou corrigindo para “O lado desconhecido de Karl Marx”.

A chamada da matéria de 9 páginas: “A Vida íntima de Karl Marx : O pai do comunismo já foi tratado como santo, mas biografias recentes o mostram como um beberrão, parasita de amigos e adúltero.”

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Marx X Adam Smith X Keynes

A mais eficaz medida de interesse por um tema é o numero de “resultados” em uma busca no Google. Às 17 horas de 11 de julho de 2014, eram os seguintes os resultados para Marx – 22,5 milhões; “Adam Smith” – 2,64 milhões e Keynes – 10,2 milhões.  O velho Karl continua com a bola cheia!!!!!!!!


sábado, 5 de julho de 2014

Nicholas Barbon. "Inspiração" do Fetichismo da Mercadoria ?

Nos três primeiros parágrafos de O Capital, estão duas citações de Nicholas Barbon em anotações de pé-de-página. Nicholas Barbon (1640 /1698) é um dublê de médico e economista e criador do seguro de incêndio, após a catástrofe que destruiu Londres, em 1666. E que o fez um milionário.....
Nas notas de pé-de-página, Marx cita a obra “ A discourse on coining the new Money lighter, de 1696. Em rápida pesquisa, encontrei outro texto de Barbon, não citado por Marx, “A Discurse of Trade” – Um discurso sobre o Comércio, de 1690 – onde ele faz reflexões muito interessantes sobre mercadorias e que podem ter “inspirado” Marx, na criação do Fetichismo da Mercadoria. Vejamos um trecho:
“Mercadorias, que têm o seu valor estabelecido como suprimento das necessidades da mente, satisfazem desejos. Desejo provoca demanda. É o apetite da alma, e é tão natural para a alma, como a fome para o corpo.
As demandas da mente são infinitas, o homem naturalmente aspira, e como a sua mente é elevada, seus sentidos se tornam mais refinados e mais aptos ao prazer, seus desejos são ampliados, e sua demanda cresce com os seus desejos, e a escassez das coisas, gratifica os seus sentidos, adorna seu corpo, e promove a facilidade, o prazer, e o esplendor da vida.
Entre a grande variedade de coisas para satisfazer as demandas da mente, aquelas que adornam o corpo, e fazem avançar o esplendor da vida, tem o uso mais geral, e em todas as idades, e entre todos os tipos da humanos, são as de maior valor.”