Anna Marina Madureira de Pinho Bárbara Pinheiro, doutoranda em História Social
da UFF, produziu uma original visão de Marx, a partir de sua relação com as
mulheres mais próximas – mãe, esposa, filhas e empregada ( mãe de um filho seu,
“perfilhado” por Engels) – e o nascente feminismo.
A autora dedica espaço especial para sua relação com Jenny ( Joanna Bertha Julie
Jenny von Westphalen) sua namorada de infância, com quem se casou, depois de
um noivado de sete anos, em 19 de junho de 1843 – sem a presença de seus
familiares.
Marx e
Jenny – 4 anos mais velha – conviveram durante 38 anos e ela se foi em dezembro
de 1881, quinze meses antes de Marx.
Selecionei
um trecho das “Conclusões” e a url para acessar a íntegra.
“Quem era Marx? Um emigrado prussiano que acabou se tornando
um pequeno-burguês da sociedade inglesa vitoriana? Um pai de família e marido
amoroso que teve um filho com a empregada?
Antes de tudo, Marx era um homem de seu tempo, interpelado
pelo caldo de cultura de sua época. Como intelectual, levou a extremos o
objetivo de conciliar teoria e prática, não apenas em função de sua militância
política, mas especialmente porque vivia suas ideias.
Mesmo na esfera mais recôndita das relações que estabeleceu com o mundo, a
esfera familiar, suas ideias reverberavam, e vice-versa. Como marido, pai e
filho, Marx personificou a contradição.
Nunca conseguiu romper completamente com seus vínculos
familiares de origem. E embora, mais tarde, Freud demonstrasse que a realização
deste projeto não era possível a ninguém, Marx, apesar de ter-lhe antecedido e
voltar sua atenção para questões de outra ordem, teve importantes intuições a
esse respeito. Desta forma, a afirmação presente “n’O 18 Brumário”
de que “a tradição de todas as gerações
mortas, pesa como uma montanha na mente dos vivos”, parece
não apenas, explicar o papel fundamental da subjetividade naquele momento da
história francesa, como resumir sua própria vida.
O aspecto que escolhemos desenvolver desta vida,
relacionando-o à sua obra, não é aquele que traz à tona toda a genialidade do
“mago de Trier”, mas o que revela a fragilidade do
homem por trás da grande teoria. Consideramos, contudo, que o fascínio que Marx
exerceu sobre as pessoas que mais de perto conviveram com ele – sua esposa e
filhas, a empregada e Engels – estivesse também aí,
nesse conjunto de paixões e contradições que ele era e não somente, no
brilhantismo de suas ideias. “
Jenny von Westphalen |
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