Antoine Artous,
autor de diversos livros sobre a obra de Marx, concedeu uma estimulante entrevista
ao pesquisador da Unicamp Henrique Amorim. Na primeira pergunta Artous trata de
um tema, acredito, pacífico nos dias de hoje : Marx são muitos... A classificação
simplista do jovem Marx X o Marx maduro de há muito está superada, assim como o
jovem hegeliano X o sênior não-idealista, idem. Altuhusser tem razão quando
declara que o capítulo da mercadoria no volume I de O Capital tem “toques”
hegelianos. Na entrevista, Artous enfatiza que o Capital é obra inacabada. Para
ler a íntegra da entrevista, acesse http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2971&secao=316
Henrique
Amorim - Como pensar Marx nos dias de hoje? É necessário ir além de Marx?
Antoine
Artous - As leituras de Marx se
tornaram irremediavelmente plurais e, além disso, completamente situadas na
história do marxismo. Não tem sentido ler Marx para restabelecer a verdade de uma
obra que não somente conheceu fortes evoluções de diversas problemáticas, mas
da qual os maiores textos – O Capital – são inacabados. Isso absolutamente não
quer dizer que o rigor na leitura não seja necessário – ao contrário, e ainda
mais do que no passado, sem dúvida, o dimensionamento das perspectivas e as
problematizações são plurais. No que me diz respeito, minha caminhada tem sido
dupla: de uma parte, realizei um retorno crítico à análise do Estado e da
política em Marx e no marxismo; e, de outra parte, faço referência aos textos
ditos da maturidade (o período de O Capital) no que se refere à
conceitualização das problemáticas e das categorias. Assim, nos textos ditos da
juventude, encontram-se indicações muito interessantes sobre a especificidade do
Estado moderno, mas é preciso articulá-los com a análise das relações de
produção capitalistas como uma relação de exploração. Isso não é fazer prova -
como economista -, pois O Capital não visa fundar uma ciência econômica, mas se
apresenta como “crítica da economia política”; isto é, como crítica das
categorias de análise e formas de objetividade do social trazidas pelo capital.
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