domingo, 31 de março de 2013

Os "Marxs"


Antoine Artous, autor de diversos livros sobre a obra de Marx, concedeu uma estimulante entrevista ao pesquisador da Unicamp Henrique Amorim. Na primeira pergunta Artous trata de um tema, acredito, pacífico nos dias de hoje : Marx são muitos... A classificação simplista do jovem Marx X o Marx maduro de há muito está superada, assim como o jovem hegeliano X o sênior não-idealista, idem. Altuhusser tem razão quando declara que o capítulo da mercadoria no volume I de O Capital tem “toques” hegelianos. Na entrevista, Artous enfatiza que o Capital é obra inacabada. Para ler a íntegra da entrevista, acesse http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2971&secao=316
Henrique Amorim - Como pensar Marx nos dias de hoje? É necessário ir além de Marx?
Antoine Artous - As leituras de Marx se tornaram irremediavelmente plurais e, além disso, completamente situadas na história do marxismo. Não tem sentido ler Marx para restabelecer a verdade de uma obra que não somente conheceu fortes evoluções de diversas problemáticas, mas da qual os maiores textos – O Capital – são inacabados. Isso absolutamente não quer dizer que o rigor na leitura não seja necessário – ao contrário, e ainda mais do que no passado, sem dúvida, o dimensionamento das perspectivas e as problematizações são plurais. No que me diz respeito, minha caminhada tem sido dupla: de uma parte, realizei um retorno crítico à análise do Estado e da política em Marx e no marxismo; e, de outra parte, faço referência aos textos ditos da maturidade (o período de O Capital) no que se refere à conceitualização das problemáticas e das categorias. Assim, nos textos ditos da juventude, encontram-se indicações muito interessantes sobre a especificidade do Estado moderno, mas é preciso articulá-los com a análise das relações de produção capitalistas como uma relação de exploração. Isso não é fazer prova - como economista -, pois O Capital não visa fundar uma ciência econômica, mas se apresenta como “crítica da economia política”; isto é, como crítica das categorias de análise e formas de objetividade do social trazidas pelo capital.

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