Esta
2ª parte abre com a pergunta da postagem anterior: “Donde provém, portanto, o caráter
enigmático do produto do trabalho, logo que ele assume a forma-mercadoria?”. E
se encerra com um encaminhamento para a resposta:“Para encontrar algo de análogo a este fenômeno, é necessário
procurá-lo na região nebulosa do mundo religioso”.
“Donde provém, portanto, o caráter
enigmático do produto do trabalho, logo que ele assume a forma-mercadoria?
Evidentemente, dessa mesma forma. A igualdade dos trabalhos humanos adquire a
forma [objetiva da igualdade] de valor dos produtos do trabalho; a medida do
dispêndio da força de trabalho humana, pela sua duração, adquire a forma de
grandeza de valor dos produtos do trabalho; finalmente, as relações entre os
produtores, nas quais se afirmam as determinações sociais dos seus trabalhos,
adquirem a forma de uma relação social dos produtos do trabalho.
[O caráter misterioso da
forma-mercadoria consiste, portanto, simplesmente em que ela apresenta aos
homens as características sociais do seu próprio trabalho como se fossem características
objetivas dos próprios produtos do trabalho, como se fossem
propriedades sociais inerentes a essas coisas; e, portanto, reflete também a
relação social dos produtores com o trabalho global como se fosse uma relação
social de coisas existentes para além deles.]
É por este quiproquó que esse
produtos se convertem em mercadorias, coisas a um tempo sensíveis e suprasensíveis
(isto, é, coisas sociais) .Também a impressão luminosa de um objeto sobre o
nervo óptico não se apresenta como uma excitação subjetiva do próprio nervo,
mas como a forma sensível de alguma coisa que existe fora do olho.
Mas, no ato da visão, a luz é
realmente projetada por um objeto exterior sobre um outro objeto, o olho; é uma
relação física entre coisas físicas. Ao invés, a forma mercadoria e a relação
de valor dos produtos do trabalho [na qual aquela se representa] não tem a ver
absolutamente nada com a sua natureza física [nem com as relações materiais
dela resultantes]. É somente uma relação social determinada entre os próprios
homens que adquire aos olhos deles a forma fantasmagórica de uma relação
entre coisas. Para encontrar algo de análogo a este fenômeno, é necessário
procurá-lo na região nebulosa do mundo religioso.
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