De 26 de abril a 18 de maio de 1924, Stalin profere, na Universidade Sverdlov, uma série de conferências ”Sobre os Fundamentos do Leninismo”. A tese central é que o leninismo não se resume a uma aplicação do marxismo “às condições peculiares da situação russa”, mas que é “um fenômeno internacional, que tem as suas raízes em toda a evolução internacional, e não apenas um fenômeno russo”.
Comparto a opinião de diversos marxólogos independentes que o marxismo-leninismo sempre foi uma contradição e o grande responsável pelo “esquecimento” das teses do velho Karl, durante décadas. O fim da União Soviética e as recentes crises do capitalismo fizeram renascer o filósofo alemão e seu parceiro Engels.
É sempre oportuno recordar que a dupla Marx/Engels jamais imaginou que a primeira revolução do proletariado aconteceria na Rússia, até pela “escassez de proletários”, no feudal regime czarista. Vale relembrar uma “profecia não realizada de Engels, em abril de 1892 : ”no ponto em que estão as coisas, será despropositado pensar-se que a Alemanha venha a se tornar também o cenário do primeiro grande triunfo do proletariado europeu?”
A seguir uma primeira parte da palestra de Stalin, em 1924.
“Que é, pois, o leninismo?
Alguns dizem que leninismo é a aplicação do marxismo às condições peculiares da situação russa. Nesta definição há uma parte de verdade, mas está longe de conter toda a verdade. Lênin aplicou, efetivamente, o marxismo à situação russa e o aplicou de modo magistral. Mas se o leninismo não passasse da aplicação do marxismo à situação da Rússia, seria um fenômeno pura e exclusivamente nacional, pura e exclusivamente russo. No entanto sabemos que o leninismo é um fenômeno internacional, que tem as suas raízes em toda a evolução internacional, e não apenas um fenômeno russo. Por isso, creio que esta definição peca pelo seu caráter unilateral.
Outros dizem que o leninismo é a ressurreição dos elementos revolucionários do marxismo da década de 40 do século passado, para distingui-lo do marxismo dos anos posteriores, que, segundo afirmam, se tornou moderado e deixou de ser revolucionário. Se abandonarmos essa divisão néscia e vulgar da doutrina de Marx em duas partes, uma revolucionária e outra moderada, é necessário reconhecer, no entanto, que também esta definição, por completo insuficiente e insatisfatória, contém uma parte de verdade. Esta parte de verdade consiste no fato de que Lênin efetivamente ressuscitou o conteúdo revolucionário do marxismo, que fora soterrado pelos oportunistas da II Internacional. Mas esta não é senão uma parte da verdade. A verdade completa é que o leninismo não só ressuscitou o marxismo, mas deu ainda um passo à frente, levando o marxismo a desenvolvimento ulterior nas novas condições do capitalismo e da luta de classe do proletariado.”
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