A “devoção total” exigida dos militantes bolchevistas era algo muito próximo do sentimento que hoje mobiliza os “homens-bomba” do Islã e, na 2ª Guerra, produziu os pilotos suicidas japoneses. Eric Hobsbawn, em “Problemas da História do Comunismo” registra o “extraordinário êxito do comunismo como um sistema de educação para o trabalho político” ( atenção o texto é de 1969, 20 anos antes da queda do Muro). Segue abaixo um trecho. Para a leitura da íntegra: “Os Revolucionários – Ensaios Contemporâneos”, Paz e Terra, 2003.
“O problema daqueles que escrevem a história dos partidos comunistas e, portanto, extraordinariamente difícil. Eles devem recuperar a excepcional têmpera do bolchevismo – sem precedentes nos movimentos não-religiosos e tão distante do liberalismo da maioria dos historiadores como do ativismo permissivo e auto-indulgente dos extremistas contemporâneos. Não se pode compreender, sem a percepção deste sentimento de devoção total, que o partido em Auschwitz fixesse seus membros pagarem suas contribuições em cigarros ( sumamente preciosos e quase impossível de serem obtidos num campo de extermínio), ou que os quadros do partido aceitassem a ordem não apenas de matar alemães na Paris ocupada, mas também de adquirir prévia e individualmente, as armas para fazê-lo, ou que ele tornasse virtualmente inconcebível para seus membros a ideia de se recusarem a regressar a Moscou, mesmo com a certeza de serem presos ou mortos. Sem isto não se pode, tampouco compreender as realizações ou as perversões do bolchevismo – e ambas foram monumentais – e,certamente, também não se pode compreender o extraordinário êxito do comunismo como um sistema de educação para o trabalho político.”
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