domingo, 30 de janeiro de 2011

Hobsbawn por inteiro


Por ocasião do lançamento de seu novo livro – How to change the world –Hobsbawn concedeu entrevista  ao The Guardian (publicada na FSP em 25/01/11). Publiquei 2 trechos da entrevista. Agora segue a íntegra, com destaque para a sua referência à America Latina, que não sei se elogiosa ou crítica: “Ideologicamente, hoje me sinto mais em casa na América Latina. É o único lugar no mundo em que as pessoas fazem política e falam dela na velha linguagem - a dos séculos 19 e 20, de socialismo, comunismo e marxismo.”
"Guardian" - Há no âmago desse livro um senso de algo que provou seu valor? De que, mesmo que as propostas de Marx possam não mais ser relevantes, ele fez as perguntas certas sobre o capitalismo?
Eric Hobsbawm -
Com certeza. A redescoberta de Marx está acontecendo porque ele previu muito mais sobre o mundo moderno do que qualquer outra pessoa em 1848. É isso, acredito, o que atrai a atenção de vários observadores novos -atenção essa que, paradoxalmente, surge antes entre empresários e comentaristas de negócios, não entre a esquerda.


O sr. tem a impressão de que o que pessoas como George Soros apreciam em parte em Marx é o modo brilhante com que ele descreve a energia e o potencial do capitalismo?

Acho que é o fato de ele ter previsto a globalização que os impressionou. Mas acredito que os mais inteligentes também enxergaram uma teoria que previa o risco de crises. A teoria oficial do período, fim dos anos 90, descartava essa possibilidade.

E o sr. acha que o interesse renovado por Marx também foi beneficiado pelo fim dos Estados marxistas-leninistas?

Com a queda da União Soviética, os capitalistas deixaram de sentir medo, e desse modo tanto eles quanto nós pudemos analisar o problema de maneira muito mais equilibrada. Mas foi mais a instabilidade da economia globalizada neoliberal que, creio, começou a ficar tão evidente no fim do século.

O sr. não está surpreso com o fato de a esquerda marxista e a social-democrata não terem explorado politicamente a crise dos últimos anos?
Sim, é claro. Na realidade, uma das coisas que procuro mostrar no livro é que a crise do marxismo não é só do seu braço revolucionário, mas também do seu ramal social-democrata. O reformismo social-democrático era, essencialmente, a classe trabalhadora pressionando seus Estados-nações. Com a globalização, a capacidade dos Estados de reagir a essa pressão se reduziu concretamente. Assim, a esquerda recuou.

O sr. acha que o problema da esquerda está em parte no fim da classe trabalhadora consciente e identificável?

Historicamente falando, isso é verdade. O que ainda é possível é que a classe trabalhadora forme o esqueleto de movimentos mais amplos de transformação social.
Um bom exemplo é o Brasil, que tem um caso clássico de partido trabalhista nos moldes do fim do século 19 -baseado numa aliança de sindicatos, trabalhadores, pobres em geral, intelectuais e tipos diversos de esquerda- que gerou uma coalizão governista notável. E não se pode dizer que não seja bem-sucedida, após oito anos de governo e um presidente em final de mandato [a entrevista foi feita no final de 2010] com 80% de aprovação.
Ideologicamente, hoje me sinto mais em casa na América Latina. É o único lugar no mundo em que as pessoas fazem política e falam dela na velha linguagem -a dos séculos 19 e 20, de socialismo, comunismo e marxismo.
O título de seu novo livro é "How to Change the World". No final, o sr. escreve: "A substituição do capitalismo ainda me parece possível". A esperança continua forte?
Não existe esperança reduzida hoje. O que digo agora é que os problemas do século 21 exigem soluções com as quais nem o mercado puro nem a democracia liberal pura conseguem lidar adequadamente. É preciso calcular uma combinação diferente.
Que nome será dado a isso não sei. Mas é bem capaz de não ser mais capitalismo, não no sentido em que o conhecemos aqui e nos EUA.


sábado, 29 de janeiro de 2011

O fim do medo e o renascimento de Marx


Mais um trecho da entrevista de Hobsbawn ao The Guardian e publicada na Folha em 25 de janeiro p.p.
“Com a queda da União Soviética, os capitalistas deixaram de sentir medo, e desse modo tanto eles quanto nós pudemos analisar o problema de maneira muito mais equilibrada. Mas foi mais a instabilidade da economia globalizada neoliberal que, creio, começou a ficar tão evidente no fim do século.”


quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A redescoberta de Marx

Da entrevista de Hobsbawn ao The Guardian e publicada na Folha em 25/01/11:

"A redescoberta de Marx está acontecendo porque ele previu muito mais sobre o mundo moderno do que qualquer outra pessoa em 1848. É isso, acredito, o que atrai a atenção de vários observadores novos -atenção essa que, paradoxalmente, surge antes entre empresários e comentaristas de negócios, não entre a esquerda."


domingo, 23 de janeiro de 2011

Não existem atalhos para o marxismo


Em 1966, Hobsbawn produziu mais um texto brilhante  - “ O diálogo sobre o Marxismo” – onde defende a tese de que o marxismo “correto” não pode ser “institucionalmente definido”. Selecionei um trecho provocativo, onde ele afirma que “não há atalhos para o marxismo”.

“ Os marxistas não-comunistas, por sua vez, devem aprender que os erros, as esquematizações e as distorções do período  stalinista, e inclusive de todo o período da Internacional Comunista, não significam que não foram feitas quaisquer contribuições valiosas e importantes ao marxismo neste período e no movimento comunista internacional. Não há atalhos para o marxismo: nem o apelo a Lênin contra Stalin, nem a Marx, nem ao jovem Marx contra o Marx da maturidade. Há somente trabalho árduo, longo e, nas atuais circunstâncias, talvez não conducente a conclusões definitivas.”

sábado, 22 de janeiro de 2011

Disciplina bolchevista em Auschwitz


A “devoção total” exigida dos militantes bolchevistas era algo muito próximo do sentimento que hoje mobiliza os “homens-bomba” do Islã e, na 2ª Guerra, produziu  os pilotos suicidas japoneses. Eric Hobsbawn, em “Problemas da História do Comunismo” registra o “extraordinário êxito do comunismo como um sistema de educação para o trabalho político” ( atenção o texto é de 1969, 20 anos antes da queda do Muro). Segue abaixo um trecho. Para a leitura da íntegra: “Os Revolucionários – Ensaios Contemporâneos”, Paz e Terra, 2003.

“O problema daqueles que escrevem a história dos partidos comunistas e, portanto, extraordinariamente difícil. Eles devem recuperar a excepcional têmpera do bolchevismo – sem precedentes nos movimentos não-religiosos e tão distante do liberalismo da maioria dos historiadores como do ativismo permissivo e auto-indulgente dos extremistas contemporâneos. Não se pode compreender, sem a percepção deste sentimento de devoção total, que o partido em Auschwitz fixesse seus membros pagarem suas contribuições em cigarros ( sumamente preciosos e quase impossível de serem obtidos num campo de extermínio), ou que os quadros do partido aceitassem a ordem não apenas de matar alemães na Paris ocupada, mas também de adquirir prévia e individualmente, as armas para fazê-lo, ou que ele tornasse virtualmente inconcebível para seus membros a ideia de se recusarem a regressar a Moscou, mesmo com a certeza de serem presos ou mortos. Sem isto não se pode, tampouco compreender as realizações ou as perversões do bolchevismo – e ambas foram monumentais – e,certamente, também não se pode compreender o extraordinário êxito do comunismo como um sistema de educação para o trabalho político.”

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Hegel e a Morte


Ainda no prefácio de Fenomenologia do Espírito, Hegel  afirma que “é a vida que suporta a morte e nela se conserva”. Selecionei um trecho, mas quem desejar ler a íntegra, em português, acesse o link abaixo e prepare-se; não é leitura fácil.
 www.marxists.org/portugues/hegel/1807/mes/fenomenologia.htm

“A morte - se assim quisermos chamar essa inefetividade - é a coisa mais terrível; e sustentar o que está morto requer a força máxima. A beleza sem força detesta o entendimento porque lhe cobra o que não tem condições de cumprir. Porém não é
a vida que se atemoriza ante a morte e se conserva intacta da devastação, mas é a vida que suporta a morte e nela se conserva, que é a vida do espírito. O espírito só alcança sua verdade à medida que se encontra a si mesmo no dilaceramento absoluto. Ele não é essa potência como o positivo que se afasta do negativo - como ao dizer de alguma coisa que é nula ou falsa, liquidamos com ela e passamos a outro assunto. Ao contrário, o espírito só é essa potência enquanto encara diretamente o negativo e se demora junto dele. Esse demorar-se é o poder mágico que converte o negativo em ser. Trata-se do mesmo poder que acima se denominou sujeito, e que ao dar, em seu elemento, ser-aí à determinidade, suprassume a imediatez abstrata, quer dizer, a imediatez que é apenas essente em geral. Portanto, o sujeito é a substância verdadeira, o ser ou a imediatez - que não tem fora de si a mediação, mas é a mediação mesma.”

domingo, 16 de janeiro de 2011

Hegel e o Todo


Confesso que nunca havia lido Hegel. Para refazer parte do caminho do jovem Karl, decidi começar pela Fenomenologia do Espírito, de 1807. Selecionei um trecho interessante do prefácio:

“O verdadeiro é o todo. Mas o todo é somente a essência que se implementa através de seu desenvolvimento. Sobre o absoluto, deve-se dizer que é essencialmente resultado; que só no fim é o que é na verdade. Sua natureza consiste justo nisso: em ser algo efetivo, em ser sujeito ou vir-a-ser-de-si-mesmo. Embora pareça contraditório conceber o absoluto essencialmente como resultado, um pouco de reflexão basta para dissipar esse semblante de contradição. O começo, o princípio ou o absoluto - como de início se enuncia imediatamente - são apenas o universal. Se digo: "todos os animais", essas palavras não podem valer por uma zoologia. Do mesmo modo, as palavras "divino", "absoluto", "eterno" etc. não exprimem o que nelas se contém; - de fato, tais palavras só exprimem a intuição como algo imediato. A passagem - que é mais que uma palavra dessas - contém um tornar-se Outro que deve ser retomado, e é uma mediação; mesmo que seja apenas passagem a outra proposição. Mas o que horroriza é essa mediação: como se fazer uso dela fosse abandonar o conhecimento absoluto - a não ser para dizer que a mediação não é nada de absoluto e que não tem lugar no absoluto.”

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

O Marx de Althusser


Obra inacabada, o marxismo permite leituras e releituras ao sabor das tendências ideológicas de cada intérprete. Nem o final melancólico de 1989/91 impediu delírios do tipo Cuba, Coréia do Norte e, aqui na Terra, o PC do B. Como afirmam os autores de “História das Ideias Políticas” , as tentativas de interpretação “ só podem ser julgadas em função do projeto próprio que as anima, em sua época e em suas circunstâncias políticas”
(marxrevisitado.blogspot.com/2010/12/marxismos.html).
Assim, os “marxismos” são muitos. Selecionei um trecho de texto de Hobsbawm, de 1966 – publicado em “Revolucionários”, Paz e Terra,2003 – onde ele faz uma crítica sutil ( sutil?) ao marxismo de Louis Althusser. Althusser, segundo Hobsbawn, “abandonou as sombras da grande École Normal Supérieure da Rue d’Ulm para a ribalta da celebridade no 5º e 6º arrondissements”.
Vamos ao trecho selecionado:

“ ....o reflorescimento do marxismo requer uma disposição genuína para ver o que Marx procurava fazer, ainda que isto não implique em concordância com todas as suas afirmações. O marxismo, que é ao mesmo tempo um método, um corpo de pensamento teórico e um conjunto de textos considerados por seus seguidores como fonte de autoridade, sempre sofreu com a tendência dos marxistas de começar por decidir o que pensam que Marx deveria ter dito e depois procurar a confirmação, nos textos, dos pontos de vista escolhidos. Tal ecletismo tem sido normalmente compensado por estudo sério da evolução do próprio pensamento de Marx. A descoberta de Althusser de que o mérito de Marx se encontra não tanto em seus próprios escritos, mas em permitir que o próprio Althusser diga o que ele deveria ter dito, suprime esta compensação. É de se temer que ele não seja o único teórico a substituir o verdadeiro Marx por um outro, de sua própria criação. Se o Marx althusseriano, ou outra construção análoga, pode se tornar tão interessante quanto o Marx original, é uma questão completamente distinta.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Stalin: leninismo é a ressurreição do marxismo. Parte 2


“Que é, afinal, o leninismo?
O leninismo é o marxismo da época do imperialismo da revolução proletária. Mas exatamente: o leninismo é a teoria e a tática da revolução proletária em geral, a tática da ditadura do proletariado em particular. Marx e Engels militaram no período pré-revolucionário (referimo-nos à revolução proletária), quando o imperialismo ainda não estava desenvolvido, no período de preparação dos proletários para a revolução, no período em que a revolução proletária ainda não se tornara uma necessidade prática imediata. Porém, Lênin, discípulo de Marx e Engels, no período de pleno desenvolvimento do imperialismo, no período do desencadeamento da revolução proletária, quando a revolução proletária já havia triunfado num país, havia destruído a democracia burguesa e iniciado a era da democracia proletária, a era dos Soviets.
Por isso, o leninismo é o desenvolvimento ulterior do marxismo.

Stalin: leninismo é a ressurreição do marxismo. Parte 1


De 26 de abril a 18 de maio de 1924, Stalin profere, na Universidade Sverdlov, uma série de conferências ”Sobre os Fundamentos do Leninismo”. A tese central é que o leninismo não se resume a uma aplicação do marxismo “às condições peculiares da situação russa”, mas que é “um fenômeno internacional, que tem as suas raízes em toda a evolução internacional, e não apenas um fenômeno russo”.
Comparto a opinião de diversos marxólogos independentes que o marxismo-leninismo sempre foi uma contradição e o grande responsável pelo “esquecimento” das teses do velho Karl, durante décadas. O fim da União Soviética e as recentes crises do capitalismo fizeram renascer o filósofo alemão e seu parceiro Engels.
É sempre oportuno recordar que a dupla Marx/Engels jamais imaginou que a primeira revolução do proletariado aconteceria na Rússia, até pela “escassez de proletários”, no feudal regime czarista. Vale relembrar uma “profecia não realizada de Engels, em abril de 1892 : ”no ponto em que estão as coisas, será despropositado pensar-se que a Alemanha venha a se tornar também o cenário do primeiro grande triunfo do proletariado europeu?”
A seguir uma primeira parte da palestra de Stalin, em 1924.
“Que é, pois, o leninismo?
Alguns dizem que leninismo é a aplicação do marxismo às condições peculiares da situação russa. Nesta definição há uma parte de verdade, mas está longe de conter toda a verdade. Lênin aplicou, efetivamente, o marxismo à situação russa e o aplicou de modo magistral. Mas se o leninismo não passasse da aplicação do marxismo à situação da Rússia, seria um fenômeno pura e exclusivamente nacional, pura e exclusivamente russo. No entanto sabemos que o leninismo é um fenômeno internacional, que tem as suas raízes em toda a evolução internacional, e não apenas um fenômeno russo. Por isso, creio que esta definição peca pelo seu caráter unilateral.
Outros dizem que o leninismo é a ressurreição dos elementos revolucionários do marxismo da década de 40 do século passado, para distingui-lo do marxismo dos anos posteriores, que, segundo afirmam, se tornou moderado e deixou de ser revolucionário. Se abandonarmos essa divisão néscia e vulgar da doutrina de Marx em duas partes, uma revolucionária e outra moderada, é necessário reconhecer, no entanto, que também esta definição, por completo insuficiente e insatisfatória, contém uma parte de verdade. Esta parte de verdade consiste no fato de que Lênin efetivamente ressuscitou o conteúdo revolucionário do marxismo, que fora soterrado pelos oportunistas da II Internacional. Mas esta não é senão uma parte da verdade. A verdade completa é que o leninismo não só ressuscitou o marxismo, mas deu ainda um passo à frente, levando o marxismo a desenvolvimento ulterior nas novas condições do capitalismo e da luta de classe do proletariado.”

sábado, 8 de janeiro de 2011

O marxismo-leninismo-stalinismo de Khrushchev


O culto à personalidade de Stalin, 1 ano após a sua morte estava no auge. Seu sucessor no cargo de 1º Secretário do Partido, Nikita Sergeivitch Khrushchev, no discurso de lançamento de sua candidatura ao Soviet Supremo, coloca o antecessor no mesmo nível de Marx e Engels. Uma fala bem diferente da de dois anos depois, em  23 de fevereiro de 1956, quando denunciou o ex-chefe por crime de genocídio, no XX Congresso do Partido. Veja a seguir o trecho do discurso de 1954.
“Criado por nosso genial chefe e mestre - o grande Lênin —, o Partido Comunista conduz firmemente o povo pelo caminho que leva ao comunismo. Por sua heróica luta pela causa do socialismo e por sua abnegada dedicação ao povo, o Partido Comunista conquistou o ilimitado amor e a confiança de todos os trabalhadores. O glorioso 50º aniversário do Partido Comunista da União Soviética foi brilhante demonstração da força todo-poderosa da doutrina de Marx, Engels, Lênin e Stálin.”

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Marx X Adam Smith X Keynes


A mais eficaz medida de interesse por um tema é o numero de “resultados” em uma busca no Google. Às 17 horas de 6 de janeiro de 2011, eram os seguintes os resultados para Marx – 24,4 milhões; Adam Smith – 11 milhões e Keynes – 13,5 milhões.  O velho Karl continua com a bola cheia!!!!!!!!

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Stalin e o fundamentalismo de Diogenes Arruda


Diógenes Arruda foi um dos mais importantes quadros do Partidão. Sua liderança e capacidade de sonhar eram ilimitadas. Mas, como todo fundamentalista, Arruda perdeu o senso crítico e, entre outros equívocos, desenvolveu uma visão romântica de Stalin. Selecionei um trecho de longa entrevista, concedida em junho de 1979 a Iza Freaza e Albino Castro, poucos meses antes de sua morte. No final do texto o endereço para acessar a íntegra.
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“Albino – Agora vamos entrar no terreno em que você é mais conhecido, mais polêmico no Brasil. Nesse período que vai do pós-guerra até 53, você na prática era quem dirigia o Partido. Era o homem que tinha contato com Stalin, era o homem que ia a Moscou...
Iza – Tem até o bigode parecido...
Albino – Tem até o bigode parecido...
Arruda – (Risos)
Albino – A gente queria saber como era o seu relacionamento...
Iza – Como era o Stalin?
Arruda – Então, nós recebemos uma grande ajuda teórica, ideológica...
Iza – É verdade que você era o único que Stalin recebia?
Albino – Do Brasil...
Arruda – Não. Uma grande ajuda teórica do partido bolchevique e do camarada Stalin. Principalmente nesse processo de elaboração do programa, ele teve um papel de dizer como podia desempenhar uma revolução vitoriosa no Brasil. De fato, eu tive a oportunidade de conhecer pessoalmente Stalin. Foi por ocasião do 19º Congresso do partido bolchevique. Stalin era um figura extremamente simpática. Modesto, simples, afável, não tem nada disso que se propalou no mundo. E ele tinha muito carinho com o nosso Partido. Eu não privei particularmente com o camarada Stalin. Lamentavelmente não privei (ininteligível). O camarada Stalin tinha bastante carinho pelo nosso Partido e nos ajudou do ponto de vista teórico. Usava aquela roupa de soldado (pronuncia pausadamente). (trecho ininteligível). Agora, isso de ele cortar algumas cabeças... (cansado, Arruda pede para interromper a entrevista).

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Fetichismo&Reificação. Collin&Ghiraldelli


Denis Collin considera que um dos capítulos filosoficamente mais importantes do Capital ( Livro 1 – Primeira Secção é o que se refere ao caráter fetichista das mercadorias. Vale a pena ler o artigo completo em
http://denis-collin.viabloga.com/news/le-caractere-fetiche-de-la-marchandise

Por sua vez, o filósofo Paulo Ghiraldelli Jr faz uma criativa dissertação sobre a reificação e o fetichismo na filosofia de Marx e de como as pessoas se transformam de sujeitos em objetos, por força do mercado. E o que acontece na passagem da filosofia para a política, na criação da sociedade sem mercado. Vale a pena uma parada de 9 minutos para assistir o video no youtube.

http://www.youtube.com/watch?v=E7BaPV975VE