Em agosto de
1872, 5 anos após a publicação em alemão, O Capital é traduzido para o francês
por Joseph Roy e publicado em 44 fascículos, vendidos a 10 centavos a unidade.
Marx fica
sensibilizado pela iniciativa do editor Maurice Lachâtre e escreve carta a seguir transcrita, em sua versão
original.
Uma
curiosidade: Lachâtre era amigo pessoal de Allan Kardec e ambos seguidores do
socialismo de Proudhon.
Londres,
18 mars 1872.
Au
citoyen Maurice Lachâtre
Cher
citoyen,
J’applaudis
à votre idée de publier la traduction de Das Capital en livraisons périodiques.
Sous cette forme, l’ouvrage sera plus accessible à la classe ouvrière et, pour
moi, cette considération l’emporte sur toute autre.
Voilà
le beau côté de votre médaille, mais en voici le revers: la méthode d’analyse
que j’ai employée, et qui n’avait pas encore été appliquée aux sujets
économiques, rend assez ardue la lecture des premiers chapitres, et il est à
craindre que le public français toujours impatient de conclure, avide de
connaître le rapport des principes généraux avec les questions immédiates qui
le passionnent, ne se rebute parce qu’il n’aura pu tout d’abord passer outre.
C’est
là un désavantage contre lequel je ne puis rien si ce n’est toutefois prévenir
et prémunir les lecteurs soucieux de vérité. Il n’y a pas de route royale pour
la science, et ceux-là seulement ont chance d’arriver à ses sommets lumineux
qui ne craignent pas de se fatiguer à gravir ses sentiers escarpés.
Recevez,
cher citoyen, l’assurance de mes sentiments dévoués.
Karl
Marx.
Em atendimento à solicitação de um leitor, segue tradução da carta:
ResponderExcluirAo cidadão Maurice Lachâtre.
Caro cidadão,
Aplaudo a sua ideia de publicar a tradução do Das Capital em fascículos periódicos. Assim, o livro ficará mais acessível à classe operária e, para mim, esta consideração se sobrepõe a qualquer outra.
Esse é o lado bonito da sua moeda, mas há também um reverso: o método de análise que eu usei, e que ainda não tinha sido aplicado a assuntos econômicos, torna muito difícil a leitura dos primeiros capítulos, e é possível que o público francês, sempre impaciente pela conclusão e ansioso para saber a relação entre princípios gerais e as questões imediatas que o fascinam, não se desencoraje de passar ao próximo capítulo.
Esta é uma desvantagem contra a qual nada posso fazer a não ser prevenir e proteger os leitores preocupados com a verdade. Não há estrada real para a ciência, e aqueles têm apenas uma chance para alcançar seus cumes luminosos não têm medo de cansar ao subir os seus caminhos íngremes.
Receba, querido cidadão, a garantia de meus devotados sentimentos.
Karl Marx