Selecionei um pequeno trecho da
resenha de Engels da obra de Marx “Contribuição à Crítica da Economia Política”
(1859), onde fica claríssima a sua admiração por Hegel.
“ O que distinguia o modo de pensar de
Hegel do de todos os outros filósofos era o enorme sentido histórico que lhe
estava subjacente. Por abstrata e idealista que fosse a forma, o
desenvolvimento do seu pensamento não deixava de ir sempre em paralelo com o
desenvolvimento da história universal, e esta última, propriamente, não deverá
ser senão a prova do primeiro. Ainda que, por este facto, a relação correta
tenha sido também invertida e posta de pernas para o ar, o seu conteúdo real
penetrou, contudo, por todo o lado, na filosofia; tanto mais que Hegel se
diferenciava dos seus discípulos em que não se gabava, como eles, da sua
ignorância, mas era uma das cabeças mais sábias de todos os tempos. Foi ele o
primeiro a procurar mostrar um desenvolvimento, um encadeamento interno, na
história e, por estranha que agora muita coisa na sua filosofia da história nos
possa parecer, a grandiosidade da própria visão fundamental é ainda hoje digna
de admiração, quando se lhe comparam os seus predecessores ou mesmo aqueles que
depois dele se permitiram reflexões universais sobre a história. Na Fenomenologia,
na Estética, na História da Filosofia, por toda a parte
perpassa esta grandiosa concepção da história e, por toda a parte, a matéria é
tratada historicamente, numa conexão determinada, ainda que também abstratamente
distorcida, com a história.”
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