domingo, 15 de setembro de 2013

Mercadoria e Fantasia. O Capital.


Os dois primeiros parágrafos do volume 1 de O Capital antecipam o  envolvimento total de Marx com o conceito que o diferencia dos economistas clássicos  ingleses: o Fetichismo da Mercadoria. O conceito precursor do marketing e do neuro-marketing. Um destaque especial para a nota de pé-de-página, onde o velho Karl cita Nicholas Barton, que lida, em pleno século 17, com dois temas da “marquetagem”: necessidade e desejo. A cada nova edição do Capital, Marx fazia revisões no primeiro capítulo (“Mercadoria”). Vide sua observação no prefácio da 2ª edição alemã: “A última secção do primeiro capítulo, «O caráter de feitiço da mercadoria, etc.», foi em grande parte alterada.” 
Meu sonho de principiante é poder ler esse capítulo na primeira edição (1867).

“A riqueza das sociedades em que domina o modo-de-produção capitalista apresenta-se como uma "imensa acumulação de mercadorias". A análise da mercadoria, forma elementar desta riqueza, será, por conseguinte, o ponto de partida da nossa investigação.
A mercadoria é, antes de tudo, um objeto exterior, uma coisa que, pelas suas propriedades, satisfaz necessidades humanas de qualquer espécie. Que essas necessidades tenham a sua origem no estômago ou na fantasia, a sua natureza em nada altera a questão. ( * ) Não se trata tão pouco aqui de saber como são satisfeitas essas necessidades: imediatamente, se o objeto é um meio de subsistência, [objeto de consumo,] indiretamente, se é um meio de produção.”

( * ) "O desejo implica a necessidade; é o apetite do espirito, que lhe é tão natural quanto a fome para o corpo (...) A maior parte [das coisas] retiram o seu valor do fato de satisfazerem as necessidades do espirito" (Nicholas Barbon, A Discourse on coining the new Money lighter 1696, pp. 2 e 3).


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