quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Amor sexual em Marx.


Marshall Berman abre um bom espaço em seu “Aventuras no marxismo” – tradução Sonia Moreira, Companhia das Letras – para o sexo na vida de Marx. Discorre, inclusive, sobre estimulante ambiente sexual do Quartier Latin quando o casal Marx/Jenny para lá se transfere, no início do casamento.
Selecionei um trecho onde Marshall fala do filho de Marx com a criada recebida como “presente de casamento” e a adoção por Engels.

“ Uma das principais forças propulsoras da síntese de Marx parece ter sido o amor sexual. Certos biógrafos já observaram, bem como até mesmo alguns policiais, que o casamento de Karl e Jenny, ainda que envolto em muita turbulência e sofrimento, foi um casamento apaixonado e feliz que durou quarenta anos e só terminou com a morte.
De fato, Marx foi um dos raros grandes pensadores de toda  a história que tiveram um casamento e uma vida familiar felizes. Alguns biógrafos se esforçaram bastante para aumentar as dimensões de todas as rachaduras que puderam encontrar na vida dele: em especial, o caso passageiro de Marx com sua governanta na década de 1850 e seu filho ilegítimo, “Freddy”, adotado por Engels, que viria tornar-se ativista do sindicato britânico dos trabalhadores. Mas mesmo esses biógrafos costumam admitir que não dispõem de muito material com que trabalhar neste sentido.
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Seigel mostra como o amor sexual desempenhou um papel vital na formação da identidade de Marx, ajudando a livrá-lo do isolamento psíquico e centrá-lo no mundo real. Marx pensou e escreveu muito sobre o amor sexual em meados da década de 1840,pouco depois de seu casamento, quando tentava perseguir o ideal de levar uma vida em meio às outras pessoas, como queria seu pai.”
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Podemos perceber um leve vulto num outro comentário sobre o amor, feito na mesma época: o amor, diz Marx, é “a primeira coisa que ensina o homem a acreditar no mundo objetivo fora dele mesmo”.

2 comentários:

  1. Como se sabe, a origem familiar de Jenny era "nobre", buscando-se, aqui, relacionar suas raízes à "aristocracia" da época, sobretudo no que se referia à condição econômico-financeira de seus consaguíneos. Por sua vez, Marx sempre procurou pautar sua trajetória conforme seus próprios interesses, de modo, aliás --- segundo os mais diversos historiadores ---, extremamente egocêntrico. Em outras palavras, Jenny --- por livre e espontânea vontade, naturalmente ---, ao unir-se à Marx, abdicou de todo o conforto que lhe era proporcionado e, por consequência, passou a (cegamente) aquiescer às, no mínimo, extremas --- quiçá miseráveis --- condições vividas por seu companheiro, através de um vínculo --- rogando, desde logo, vênia às opiniões contrárias --- à beira do patológico. Sucede que, de fato, a relação havida entre o casal era dotada de notável --- sobretudo se comparada aos dias atuais --- robustez! E a "fórmula" --- novamente pedindo licença às idéias diferentes --- talvez não estivesse tão associada, assim, ao sexo, mas, quem sabe, ao sério e forte compromisso político por ambos assumido. Note-se que, em momentos bastante conturbados vivenciados pelos dois --- como, v.g., a perda de um filho --- algo foi essencial à retomada da vida a dois: o trabalho político, coforme, também relatado por alguns historiadores.
    Para variar, belo texto!
    Acho que este "blog" ainda vira livro, hein?!
    Forte Abraço,
    BR

    PS: Qndo. estiver disponível, faça, se possível, contato comigo (Titia sabe onde me achar!), p/ que possamos conversar um pouco a respeito do pleito municipal que se aproxima. Na verdade, minha intenção é, tão somente, ouvir --- "a lápis", é claro, com objetivo puramente didático, é bom que se diga --- suas opiniões acerca das opções que nos são dadas. Seriam, sem dúvida, de grande valia.

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  2. BR,
    Como sempre, seu comentário enriquece o tema e amplia a discussão. Vou dedicar algumas postagens futuras ao convívio familiar do doutor Marx, inclusive o duplo suicídio da filha e do genro cubano. Pra ficar no tema sexo, fica a comparação inusitada da filosofia com o saber real - pra Marx a relação era a mesma do onanismo com o sexo.....
    abs
    elysio

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