domingo, 4 de março de 2012

A tecnologia e o fim do proletariado.


Moishe Postone  desenvolve em “Necessidade, tempo e trabalho” a tese da “auto-abolição” do proletariado a partir de conceitos marxianos. Ousadamente, seria possível afirmar que a eliminação das classes viria após a “ditadura da tecnologia” quando deixaria de “existir o trabalho em que um ser humano faz o que uma coisa poderia fazer". A tentativa de construir o socialismo por meio do modo de produção capitalista – vide o taylorismo, na NEP de Lênin – levou em todas as tentativas, da URSS à China, ao capitalismo de estado e aos excessos que todos conhecemos. Passemos à reflexão de Postone (http://obeco.no.sapo.pt/mpt2.htm)

A condição material necessária para o desenvolvimento integral de todos é que "deixe de existir o trabalho em que um ser humano faz o que uma coisa poderia fazer."
Em outras palavras, o fundamento material de uma sociedade sem classes é que o produto excedente não seja mais criado pelo trabalho humano. O pressuposto da auto-abolição do proletariado é a abolição material do trabalho concreto que ele faz. A questão mais decisiva para o socialismo, então, não é se uma classe capitalista ainda existe ou não, mas se um proletariado ainda existe.
Qualquer teoria que lide apenas com o modo burguês de distribuição não só é incapaz de apreender este momento, mas, pior ainda, pode servir para ocultar o fato de que a sociedade de classes não estará superada até que o fundamento do modo de produção esteja superado. Assim, o Marxismo tradicional pode, em uma de suas variantes, tornar-se uma ideologia de legitimação para aquelas formas sociais – as chamadas sociedades "socialistas" – em que a abolição do modo liberal burguês de distribuição foi conseguida, mas não o modo de produção determinado pelo capital; neste caso, a abolição do primeiro vela a continuidade da existência do segundo.

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