Em março de 1891, no prefácio de
nova edição da “Guerra Civil em França”, Engels faz uma análise - com
distanciamento de duas décadas – da Comuna de Paris. Aproveita para classificar
os políticos de Tio Sam no final do século 19. Será que aconteceu mudança
substancial no decorrer desses 120 anos? A descrição lembra Brasília dos
últimos meses........
“Em parte alguma os «políticos»
formam um destacamento da nação mais separado e mais poderoso do que precisamente
na América do Norte. Ali, cada um dos dois grandes partidos aos quais cabe
alternadamente a dominação é ele próprio governado por pessoas que fazem da
política um negócio, que especulam com lugares nas assembleias legislativas da
União e de cada um dos Estados, ou que vivem da agitação para o seu partido e
são, após a vitória deste, recompensados com cargos. É sabido que os americanos
procuram, desde há trinta anos, sacudir este jugo tornado insuportável e que,
apesar de tudo, se atolam sempre mais fundo nesse pântano da corrupção. É
precisamente na América que podemos ver melhor como se processa esta
autonomização do poder de Estado face à sociedade, quando originalmente estava
destinado a ser mero instrumento desta. Não existe ali uma dinastia, uma nobreza,
um exército permanente — excetuados os poucos homens para a vigilância dos
índios — nem burocracia com emprego fixo ou direito à reforma. E, não obstante,
temos ali dois grandes bandos de especuladores políticos que, revezando-se,
tomam conta do poder de Estado e o exploram com os meios mais corruptos para os
fins mais corruptos — e a nação é impotente contra estes dois grandes cartéis
de políticos pretensamente ao seu serviço, mas que na realidade a dominam e
saqueiam.”
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