No posfácio da 2ª edição alemã de O Capital ( janeiro de 1873), Marx faz,
mais uma vez, o registro das dificuldades de entendimento do conceito de
fetichismo da mercadoria.
“A última seção do primeiro capítulo,
«O carácter de feitiço da mercadoria, etc.», foi em grande parte alterada.
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O método
empregue em O Capital foi pouco entendido, como já o demonstram as
interpretações dele, entre si contraditórias.
Assim, a Revue
Positiviste de Paris
censura-me, por um lado, porque trato a economia metafisicamente e, por outro
lado — imagine-se! —, porque me limito a uma dissecação meramente crítica do
dado, em vez de prescrever receitas ( comtianas ?) para as casas de pasto do
futuro.
Contra a
censura da metafísica, observa o Prof. Sieber: “Na
medida em que se trata propriamente da teoria, o método de Marx é o método
dedutivo de toda a escola inglesa, os seus defeitos tal como as qualidades são
partilhadas pelos melhores economistas teóricos.”
Na 4ª edição alemã de O Capital ( 1890 ) – 7 anos após a morte de Marx –
foram retirados do posfácio da 2ª edição os 4 parágrafos iniciais, entre eles o
referente ao fetichismo da mercadoria acima descrito. A edição foi prefaciada
por Engels que, sempre ignorou em seus comentários o tema do fetichismo da
mercadoria. Acredito que Engels, assim como todos os marxistas clássicos,
considerava o tema “metafísico/hegeliano”. Não chegando ao exagero de Althusser
que sugeriu “pular” a leitura o
primeiro capítulo....
Vale relembrar a frase inicial do 1º capítulo do volume I de O Capital: “À primeira vista, uma mercadoria parece uma coisa evidente, trivial. A
sua análise mostra que é uma coisa muito retorcida, cheia de subtileza metafísica
e de extravagâncias teológicas.”
Os marxistas
clássicos, de ontem e de hoje, não entenderam porque o capitulo primeiro da
volume I da obra máxima do alemão é dedicada à mercadoria. Sugiro a leitura de
pensadores mais abertos como Hobsbawm, Dennis Collin e Moishe Postone.....