Engels, em
prefácio à edição alemã de 1890 do Manifesto Comunista de 1848, faz uma
surpreendente antevisão de outubro de 1917, quando os bolcheviques tomam o
poder.
“A tarefa do
Manifesto Comunista era a proclamação do declínio inevitavelmente
iminente da propriedade burguesa hodierna. Na Rússia, porém, nós encontramos —
a par da ordem capitalista que se desenvolve com [uma] pressa febril e da
propriedade fundiária burguesa que só agora se começa a formar — mais de metade
do solo na propriedade comum dos camponeses.
Pergunta-se,
então: pode a comuna de camponeses russa — essa forma, sem dúvida, já muito
desagregada da originária propriedade comum do solo — transitar imediatamente para
uma forma comunista superior da propriedade fundiária, ou tem ela, antes, que
passar pelo mesmo processo de dissolução que no desenvolvimento histórico do
Ocidente se exibe?
A única
resposta hoje possível para esta pergunta é a seguinte. Se a revolução russa se
tornar o sinal para uma revolução operária no Ocidente, de tal modo que ambas
se completem, então, a propriedade comum russa hodierna pode servir de ponto de
partida para um desenvolvimento comunista.”
Londres, 21 de janeiro de 1882
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