Hoje, 18 de fevereiro, os luteranos celebram a morte de
Lutero, em 1546.
Hirchel Ha Levi, o pai de Marx, de uma família de rabinos
teria – pragmaticamente - se convertido,
ao protestantismo para poder exercer sua profissão de advogado.
Assim, aos seis anos o menino Karl foi batizado no
luteranismo. Ao que parece, um pouco de Lutero (1483-1546) ficou no
inconsciente do jovem. No terceiro dos “Manuscritos Econômicos Filosóficos” –
Propriedade Privada e Trabalho – Marx registra que Engels chamava Adam Smith de
o Lutero da Economia Política.
“Assim, em vista dessa economia
política esclarecida que descobriu a essência subjetiva da riqueza dentro da estrutura da propriedade privada, os partidários
do sistema monetário e do mercantilismo, para quem a propriedade privada é uma
entidade puramente objetiva para o homem, não fetichistas e católicos. Engels está certo, por isso, de chamar
a Adam Smith o Lutero da Economia Política. Assim como Lutero reconheceu a
religião e a fé como a essência do mundo real, e por essa razão assumiu uma
posição adversa ao paganismo cristão; assim como ele anulou a religiosidade externa ao mesmo passo que fazia da religiosidade a essência interior do homem;
assim como ele negou a distinção entre sacerdote e leigo porque transferiu o
sacerdócio para o coração do leigo; também a riqueza extrínseca ao homem e dele
independente (só podendo, pois, ser adquirida e conservada de fora) é anulada.
Isso quer dizer, sua objetividade externa
e indiferente é anulada pelo fato de a propriedade privada ser incorporada ao próprio
homem, e de ser o próprio homem reconhecido como sua essência. Mas, como
resultado, o próprio homem é levado para a esfera da propriedade privada, exatamente
como, com Lutero, é levado para a da religião. Sob o disfarce de reconhecer o
homem, a economia política, cujo princípio é o trabalho, leva à sua lógica
conclusão a negação do homem. O próprio homem não mais é uma condição da tensão
externa com a substância externa da propriedade privada; ele próprio se
converteu na entidade oprimida por tensões, que é a da propriedade privada. O
que era anteriormente um fenômeno de ser extrínseco a si mesmo, uma manifestação extrínseca real do homem,
transformou-se, agora no ato de objetivação, de alienação.”