quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

A luta dentro da legalidade


Em março de 1895, Engels produz um de seus últimos textos, considerado por respeitados analistas um verdadeiro “testamento”. Além de defender o sufrágio universal como caminho para a tomada do poder pelos trabalhadores, ele invoca o testemunho de Odilon Barrot, primeiro ministro de Luiz Bonaparte, para valorizar a luta dentro da  legalidade – uma visão diferenciada da ditadura do proletariado. O longo texto serviu de introdução para uma nova edição do clássico de Marx, “ A luta de classes na França 1848 a 1850”. Rosa Luxemburgo registra a relevância do documento para o movimento operário alemão. A reflexão ajuda a entender a postura do Partidão em não apoiar a luta armada para derrubar a ditadura militar do pós-1964.
“A ironia da história universal põe tudo de cabeça para baixo. Nós, os "revolucionários", os "subversivos", prosperamos muito melhor com os meios legais do que com os ilegais e a subversão. Os partidos da ordem, como eles se intitulam, afundam-se com a legalidade que eles próprios criaram. Exclamam desesperados com Odilon Barrot : La legalité nous tue, a legalidade mata-nos, enquanto nós, com essa legalidade, revigoramos os nossos músculos e ganhamos cores nas faces e parecemos ter vida eterna. E se nós não formos loucos a ponto de lhes fazermos o favor de nos deixarmos arrastar para a luta de rua, não lhes restará outra saída senão serem eles próprios a romper esta legalidade tão fatal para eles.

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