Em março de 1895,
Engels produz um de seus últimos textos, considerado por respeitados analistas
um verdadeiro “testamento”. Além de defender o sufrágio universal como caminho
para a tomada do poder pelos trabalhadores, ele invoca o testemunho de Odilon
Barrot, primeiro ministro de Luiz Bonaparte, para valorizar a luta dentro
da legalidade – uma visão diferenciada
da ditadura do proletariado. O longo texto serviu de introdução para uma nova
edição do clássico de Marx, “ A luta de classes na França 1848 a 1850”. Rosa Luxemburgo registra a relevância do documento para o movimento operário alemão.
A reflexão ajuda a entender a postura do Partidão em não apoiar a luta armada
para derrubar a ditadura militar do pós-1964.
“A ironia da
história universal põe tudo de cabeça para baixo. Nós, os
"revolucionários", os "subversivos", prosperamos muito
melhor com os meios legais do que com os ilegais e a subversão. Os partidos da
ordem, como eles se intitulam, afundam-se com a legalidade que eles próprios
criaram. Exclamam desesperados com Odilon Barrot : La legalité nous tue, a legalidade mata-nos, enquanto nós,
com essa legalidade, revigoramos os nossos músculos e ganhamos cores nas faces
e parecemos ter vida eterna. E se nós não formos loucos a ponto de lhes
fazermos o favor de nos deixarmos arrastar para a luta de rua, não lhes restará
outra saída senão serem eles próprios a romper esta legalidade tão fatal para
eles.
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