No prefácio
da segunda edição (1869) do “18 Brumário”, Marx faz algumas críticas a duas
obras de mesmo tema e publicadas também em 1852 e encerra com a concretização
da sua profecia.
“Entre
as obras que tratavam na mesma época do mesmo tema, apenas duas são dignas de
menção: Napoléon le petit, de Victor Hugo e Coup d’état, de Proudhoun.
Victor
Hugo limita-se a amargas e engenhosas invectivas contra o editor responsável do
golpe de Estado. Quanto ao próprio acontecimento, parece, na sua obra, um raio
que caísse de um céu sereno. Não vê nele mais do que um ato de força de um só
indivíduo. Não se apercebe que aquilo que faz é engrandecer este indivíduo em
vez de o diminuir, ao atribuir-lhe um poder pessoal de iniciativa sem paralelo
na história universal.
Pela sua
parte, Proudhon tenta apresentar o golpe de estado como resultado de um
desenvolvimento histórico anterior. Mas, nas suas mãos, a construção histórica
do golpe de Estado transforma-se numa apologia histórica do herói do golpe de
Estado. Cai com isso no erro dos nossos pretensos historiadores objetivos. Eu,
pelo contrário, demonstro como a luta de classes criou na França as
circunstâncias e as condições que permitiram a um personagem medíocre e
grotesco representar o papel de herói.
Uma
reelaboração da presente obra tê-la-ia privado do seu colorido particular. Por
isso, limitei-me simplesmente a corrigir as gralhas e a riscar as alusões que
hoje já não seriam entendidas.
A frase
final da minha obra: "Mas quando o manto imperial cair finalmente sobre os
ombros de Louis Bonaparte, a estátua de bronze de Napoleão tombará do alto da
Coluna de Vendôme”, já se realizou.”