O site sobre o Congresso http://marxemmaio.wordpress.com/ apresenta
dezenas de vídeos com palestras e entrevistas, além da íntegra dos trabalhos
apresentados
domingo, 24 de junho de 2012
Marx em Maio.
sexta-feira, 22 de junho de 2012
O papel do Estado na crise mundial.
Denis Collin afirma, em seu blog, que a crise financeira mundial
confirma, de maneira clara, as análises do velho Karl. Segue minha tradução
livre.
“A crise financeira de 2007/2008 e suas consequências
confirmam de maneira clara as análises de Marx : o modo de produção capitalista somente pode
funcionar reproduzindo o capital sempre em uma escala ampliada. Ou a busca de um processo de
acumulação exige o recurso crescente ao credito e a todas as formas de
investimento financeiro que permitam a distribuição, não de lucros reais,
gerados no processo de produção, mas de ganhos antecipados, isto é, que não
correspondam a um capital produtivo gerado pela mais valia.
É o que Marx chama de “capital fictício”. A massa do capital
fictício terminou por incorporar o capital realmente investido, que é, ele
mesmo, confrontado aos problemas crescentes de ajuste de valor, que Marx
denominava de baixa tendencial da
taxa de lucro.
O exemplo da industria automobilística é particularmente
esclarecedor para compreender, ao mesmo tempo, esta baixa das taxas de lucro e
o peso crescente dos “produtos financeiros”.
Nesta situação e em uma escala gigantesca, encontramos ainda
as análises de Marx sobre o papel da dívida pública na formação deste capital
fictício. Que o Estado seja reduzido a “conselho de administração dos negócios
comuns da burguesia” é certamente, desta maneira geral, uma concepção muito
redutora. Durante as “trente glorieuses” ( obs. do tradutor: Período de grande
crescimento de 1945 a 1973, nos países membros da OCDE, tb conhecido, na França,
como a Revolução Invisível) o Estado foi o lugar da aposta nas lutas sociais
para assegurar um desenvolvimento próximo da estabilidade do modo de produção
capitalista, e ele teve que
proteger e , por vezes, organizar as conquistas sociais correspondentes às
reivindicações dos assalariados.
Mas o se que chamou usando a expressão inadequada de “revolução
neo-liberal” foi uma vasta operação política remetendo o Estado à sua clássica
definição marxista.
A percepção da falência do sistema financeiro e sua
consequência nos custos para os cidadãos acabou por reposicionar os governos
como simples apoios de poder do capital financeiro.”
terça-feira, 19 de junho de 2012
Sutilezas metafísicas do fetichismo.
Denis Collin, autor de “Compreender Marx” – editora Vozes,
tradução de Jaime Clasen – tem produzido excelentes textos sobre o velho Karl
em seu blog denis-collin.viabloga.com. Em « O caráter fetichista das
mercadorias » avalia a secção IV, primeira parte, do Livro I do Capital
que considera um dos capítulos filosoficamente mais importantes da obra central
de Marx. Ali, Collin faz uma análise sutil das formas em que são feitas as trocas
de mercadorias e se dedica a celebrar a metafísica do dinheiro.
“Embora aparentemente trivial, uma mercadoria é, na
realidade, uma "coisa
complexa, cheia de sutilezas metafísicas e argúcias teológicas." Ela
oculta um segredo. Não é nem no valor de uso dos bens nem no fato de que suas
características são produtos do trabalho humano.
Este segredo está na transformação a que a que estão
submetidas as relações entre os indivíduos, quando o trabalho humano não é mais
trabalho para as necessidades imediatas, mas o trabalho para a produção do
valor de troca. Se os produtos do trabalho humano adquirem um "caráter
enigmático", quando transformados em mercadoria, isto tem origem em uma
tríplice metamorfose: "O caráter de igualdade dos trabalhos humanos adquire
a forma de valor dos produtos do trabalho; a medida dos trabalhos individuais
por sua duração, adquire a forma da grandeza dos produtos do trabalho e,
finalmente, os relatórios dos
produtores nos quais se afirmam o caráter social do trabalho, adquirem a forma
de um relatório social dos produtos do trabalho. "Nessa metamorfose, os
produtos do trabalho são, portanto, transformados em mercadorias, isto é, diz ainda
Marx," em coisas que se enquadram ou não se enquadram dentro do
significado, ou coisas sociais. " Na tentativa de desvendar o mistério das
mercadorias, é preciso desvendar o conjunto das relações sociais.
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Para entender como uma relação social pode assumir a forma
de uma relação entre as coisas, é preciso buscar uma analogia de outro campo,
"na região nebulosa do mundo religioso." Marx desenvolve assim a tese
do fetiche da mercadoria: "lá os produtos do cérebro humano têm a
aparência de ser independentes, dotados de corpo particular, se comunicando com
homens e entre si. São produtos
feitos pela mão do homem para o mercado. Isto é o que poderíamos chamar de
fetichismo agregado aos produtos do trabalho e que se apresentam como
mercadorias, fetichismo inseparável desse modo de produção. "
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Quanto mais se desenvolve esta divisão do trabalho, mais ela
se transforma em uma divisão global do trabalho, mais a intermediação
financeira toma seu lugar no processo conjunto de produção de riqueza, mais o
fetichismo do dinheiro domina os pensamentos dos atores da vida econômica. Esta
é a realidade do conjunto da vida
social que é transfigurado e torna-se irreconhecível no reinado nu e cru das
finanças. Até que uma crise chegue de repente a varrer este mundo ilusório e
provoque uma chamada dolorosa para
o real. “
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