Em
janeiro de 1888, 5 anos após a morte de Marx, Engels redige prefácio para a
edição inglesa do Manifesto. Transcrevo aqui um trecho onde ele conclui que o
conceito da luta de classes estaria destinado a fazer pela história o que o
evolucionismo de Darwin fez pela biologia.
“Embora
o Manifesto seja nossa produção conjunta, considero-me obrigado a
declarar que a proposição fundamental que forma o seu núcleo pertence a Marx.
Essa proposição é: que, em qualquer época histórica, o modo predominante da
produção económica e da troca, e a organização social que dele necessariamente
decorre, formam a base sobre a qual se constrói, e só a partir da qual pode ser
explicada, a história intelectual e política dessa época; que,
consequentemente, toda a história da humanidade (desde a dissolução da
sociedade tribal primitiva, detendo a terra em posse comum) tem sido uma
história de lutas de classes, de conflitos entre classes exploradoras e
exploradas, entre classes dominantes e oprimidas; que a história destas lutas de
classes forma uma série de evoluções na qual se alcançou hoje um estágio em que
a classe oprimida e explorada — o proletariado — não pode atingir a sua
emancipação do jugo da classe dominante e exploradora — a burguesia — sem
emancipar, ao mesmo tempo e de uma vez por todas, toda a sociedade de qualquer
exploração e opressão, de quaisquer distinções de classes e lutas de classes.
Já
alguns anos antes de 1845 estávamos ambos a aproximar-nos gradualmente desta
proposição que, na minha opinião, está destinada a fazer pela história o que a
teoria de Darwin fez pela biologia. Até que ponto eu tinha progredido
independentemente em direção a ela é a minha Situação da Classe Operária em
Inglaterra que melhor o mostra. Mas, quando voltei a encontrar Marx, em
Bruxelas, na primavera de 1845, já ele a tinha formulado e me apresentou em termos quase tão claros como
aqueles em que aqui a expus.”